terça-feira, 20 de outubro de 2009

Fabricação da Vela

Jim Michalak dá um sábio conselho para os construtores de veleiros: comece pela vela!  A razão é simples.  O espaço necessário para desenhar e cortar a vela é o mesmo que é necessário para a construção do barco.  Se a vela for feita antes, pode ser dobrada e retirada da área. Já o barco...

Minha ansiedade em começar a executar o projeto, lançando uma pedra fundamental que não pudesse reverter o empreendimento, me fez decidir fazer a vela em casa, usando uma máquina de costura herdada de minha mãe.

Na foto abaixo, o início da fabricação da vela, com a lonaleve de 5m x 3m usada ocupando quase a totalidade da minha sala.




 A primeira etapa é a marcação de pontos sobre o tecido, que foi feita com a caneta própria para escrever em CD/DVD.  Alguns pontos sujeitos a verificação foram marcados sobre fita crepe.



Na foto seguinte, a vela já está com seu contorno cortado. Sobre a vela, próximo à porta, está a canaleta de plástico que foi usada para o traçado das curvas das bordas. Em primeiro plano, a prega que vai dar concavidade à vela.




A seguir, estão mostrados os reforços dos cantos onde serão colocados ilhoses. Foram construídos gabaritos triangulares em papel Paraná. Cada reforço tem a  área de quatro destes triângulos e será dobrado sobre a aresta da borda da vela. Em cada ponto serão colocados dois reforços superpostos, totalizando quatro camadas de tecido, duas por face, além da camada correspondente à própria vela.




Na foto abaixo, um dos cantos dos reforços, com o "alinhavo" típico de fita crepe.





A batalha mais dura da máquina de costura é coser os reforços dos ilhoses das forras de rizo, lá no meio da vela.  É necessário enrolar a vela num canudo e fazer todas as costuras numa direção, para então enrolar em um canudo na outra direção para fazer as costuras que faltam.  O mais complicado é manobrar a vela para colocar a agulha no lugar certo e no rumo correto. Na foto abaixo, uma trégua nesta árdua tarefa.




Na próxima foto, todos os reforços localizados já foram costurados na vela, faltando apenas o reforço das bordas e os ilhoses.




A lonaleve é produzida industrialmente com um cordão de reforço embutido nas bordas e costurado com solda a quente do tecido.  A idéia original era fazer um reforço das bordas com tecido de fibra de vidro sob uma camada de proteção feito com a própria lonaleve.

Como ainda não estava disponível a fibra, optou-se por usar o cordão original de reforço.  Este cordão foi costurado no centro de uma faixa de tecido, de 15cm de largura, dobrada ao meio (veja foto abaixo).




Em seguida, esta faixa foi colocada envolvendo as bordas da vela e costurada nela com zig-zag duplo sobre todos os reforços, como se pode ver na outra foto.  Nos quatro cantos da vela, os cordões fazem uma emenda por superposição, prosseguindo até o bordo seguinte por uns 20 a 30cm.




Finalmente, a vela pronta, com todos os reforços, faltando apenas os ilhoses.
Para isso, existe uma máquina para cravar ilhoses, parecida com uma furadeira de bancada, à qual se pode adaptar um molde para cada tamanho de ilhós. A máquina custa caro e só consegue cravar ilhoses próximos à borda.




A alternativa adotada foi comprar um par de moldes e uma haste que pode ser aparafusada ao molde superior, usando-se um martelo para fazer o serviço.  O mais difícil é definir por tentativas o diâmetro do corte a ser feito no tecido para que o ilhós consiga entrar e morder a borda do tecido. Depois de escolhido um gabarito adequado, nenhum ilhós foi perdido.

Nas fotos abaixo, o kit-ilhós e a vela pronta, acondicionada num saco feito com sobra de material.






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